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ITANHÉM

Itanhém faz 65 anos sem cemitério para enterrar seus mortos, em um flagrante desrespeito e negligência política


Itanhém comemora nesta segunda-feira, 14 de agosto, o seu 65º aniversário de emancipação política em um cenário onde somos forçados a encarar uma verdade incômoda: a falta de espaço no cemitério da cidade, que transformou-se em um pavoroso testemunho de desrespeito aos mortos e de negligência por parte da classe política local.

A situação desoladora que se desenrola no cemitério de Itanhém é a manifestação mais gritante da ausência de comprometimento das gestões municipais. Anos se passaram desde que esse problema veio à tona, com relatos perturbadores de defuntos sendo desenterrados para dar lugar aos novos falecidos, ignorando completamente o respeito devido aos que partiram e à dor de seus familiares enlutados. Tal prática não apenas beira o absurdo, mas também suscita sérias questões legais, como a possível violação de sepulturas.

O legado dessa negligência parece ser compartilhado por diferentes administrações, com a ex-prefeita Zulma Pinheiro iniciando o lamentável último capítulo e a gestão atual de Mildson Medeiros, infelizmente, aprofundando ainda mais essa problemática. A promessa da gestão atual de criar um novo cemitério, apesar de soar como uma esperança em meio ao caos, rapidamente mostrou-se vazia, uma vez que a população de Itanhém continua enfrentando a indignidade de ver seus entes queridos tratados com total falta de consideração e falta de respeito.

A proposta de estabelecer um novo cemitério na estrada que liga Itanhém a Santa Rita do Planalto era uma oportunidade para demonstrar que as autoridades estavam tomando medidas concretas para solucionar esse problema. No entanto, é evidente que essa situação não foi tratada com a seriedade que merece. A clamorosa cobrança do povo itanheense e dos vereadores nas reuniões da Câmara Municipal não parece ter sido suficiente para acordar a consciência política que deveria prevalecer em uma sociedade democrática.

Não é apenas na cidade que essa crise se instala, mas também nas vilas, distritos e povoados do município, onde a escassez de vagas em cemitérios também se tornou uma triste realidade. O descaso com que os falecidos e suas famílias estão sendo tratados é uma afronta à dignidade humana e um reflexo cruel do modo como a política local está se deteriorando.

Neste aniversário de 65 anos da terra de Água Preta, em vez de somente celebrarmos progresso, inovação e conquistas, estamos obrigados a enfrentar uma mancha sombria e desconsoladamente persistente que é a falta de respeito e cuidado com os mortos e seus entes queridos. A situação atual é um triste testemunho da falha das gestões municipais em cumprir uma das obrigações mais básicas e essenciais, que é proporcionar um local digno para o repouso eterno dos cidadãos água-pretenses.

É imperativo que a população de Itanhém mantenha sua voz alta e contínua. Exigir um cemitério adequado não é apenas um desejo, mas um direito inalienável que deve ser atendido de maneira urgente e eficaz. A cidade não pode mais ser refém dessa persistente negligência política, e chegou a hora de uma ação decisiva e responsável. Afinal, respeitar os mortos e suas famílias não é apenas uma obrigação moral, mas configura-se como um indicador fundamental de civilidade, uma norma que toda sociedade comprometida com valores humanitários deve incansavelmente afirmar, salvaguardar e honrar.

Água Preta News

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