Abastecer o carro com gasolina tem pesado cada vez mais no bolso dos baianos. Segundo levantamento do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), no acumulado de 2021, o produto já subiu 63,29%. Tem consumidor considerando a hipótese de vender o carro e até mesmo mudar de emprego para ficar mais perto de casa e assim gastar menos.
Elder Azevedo, 33, rodou até Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), para achar um posto ainda sem o último aumento. Ali, o produto ainda estava sendo vendido por R$ 5,99. “Botei meio tanque e deu R$ 188. Ano passado, enchia com R$ 200”, conta Azevedo, que é estudante de engenharia civil, funcionário de uma empresa de reformas e motorista por aplicativo nas horas vagas. Em média, ele percorre 20 quilômetros por dia de casa ao trabalho.
Para o eletrotécnico Clayton Araújo, 28, vender o carro já é uma possibilidade. “Passou por minha cabeça largar o carro, mas ainda não tive coragem de abandonar, porque é meu principal meio de transporte e ainda não me sinto seguro de pegar coletivos na pandemia. Mas já estou colocando em meus planos de, muito em breve, abandonar, porque gasolina a R$ 6 é impraticável”, desabafa o eletrotécnico. Ele lembra que, antes da pandemia, gastava, em média, R$ 300 por mês com combustível. Hoje, desembolsa mais de R$ 500. “É quase um quarto de minha renda. A cada aumento, fica muito difícil”, relata. Nesse período, ele passou a dar preferência para o etanol, mesmo quando não vale tanto a pena.
Para economizar, Clayton Araújo fica ligado no aplicativo do governo estadual, o Preço da Hora, que dá informações atualizadas dos preços no mercado local. Disponível para download nos sistemas iOS e Android para qualquer cidadão, a ferramenta é alimentada com o valor das notas fiscais dos consumidores. Já Aldecir Filho, 35, de Feira de Santana, pensa em um emprego mais perto de casa. “A gente tenta ao máximo economizar, evita voltar para a casa para almoçar, já levando o almoço pronto ou comprando marmita, fazendo academia perto de casa. Até mudar de trabalho já pensei”, conta o gestor de recursos humanos.
Segundo o Preço da Hora, de outubro de 2020 a outubro de 2021, as altas na gasolina, diesel, etanol e gás de cozinha foram, respectivamente, 40%, 49%, 55% e 43%. Já os últimos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) registram alta de 48,3% na gasolina, 60,35% no etanol, e 48,2% no diesel, mas não considera o último reajuste da Petrobras. O gás de cozinha era encontrado por menos de R$ 60 há exatos 12 meses. Já a gasolina, a R$ 3,95. A mais barata, hoje, era R$ 5,87 em um posto de Pituaçu. O diesel, de R$ 3,29 chegou a R$ 4,95, e o etanol variou entre R$ 2,91 e R$ 4,81, no mesmo período.