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Segundo Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, 1 mil funcionários podem ser afetados pela interrupção na produção dos modelos hatch e sedã, por ao menos dois meses. Montadora diz que negociação está em curso. Chevrolet paralisará produção do Onix e Onix Plus a partir de 22 de abrilDivulgaçãoA Chevrolet informou nesta sexta-feira (7) que está em processo de negociação com o sindicato dos metalúrgicos de Gravataí para um período de suspensão da produção de seus veículos de entrada, Onix e Onix Plus, a partir de abril. "A General Motors informa que está em processo de negociação com o Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí para a adoção de um período de suspensão temporária de contratos de trabalho (lay-off), que deverá afetar parcialmente a produção. A medida, caso aprovada, tem como objetivo adequar a produção da fábrica de Gravataí (RS), responsável pelos modelos Onix e Onix Plus, à demanda atual do mercado."A GM reforça seu compromisso com seus colaboradores e parceiros, e continuará monitorando o cenário econômico para tomar decisões alinhadas às necessidades do momento, sempre em diálogo com as partes envolvidas."De acordo com o presidente do sindicato, Valcir Ascari, o acordo prevê um layoff de ao menos dois meses, a partir do dia 22 de abril. "Garantimos para os trabalhadores o vale-refeição, 13º salário e programa de participação nos resultados integrais, além de cursos de qualificação mesmo durante o layoff."Há uma assembleia agendada entre a montadora e os representantes do sindicado para a próxima segunda-feira (10). De acordo com Ascari, são cerca de 700 a 1 mil funcionários afetados pela paralisação da Chevrolet."Não temos saída, o layoff já foi confirmado pela GM e não temos muito para onde ir", confidencia o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí.Vendas do OnixO Onix foi o carro zero km mais vendido do Brasil por seis anos seguidos, e continua a ser um dos mais procurados do país, segundo dados da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).Mas há anos o reinado do hatch da Chevrolet acabou. Em 2020, a montadora sofreu mais do que as concorrentes na crise de logística e de insumos causada pela pandemia. O Onix manteve a liderança, mas vendeu quase metade do que havia vendido no ano anterior.Em 2021 e 2022, o Onix foi ultrapassado pelo Hyundai HB20. E nenhum dos dois consegue incomodar a Fiat Strada há quatro anos.Como mostrou o g1 neste mês, o surgimento dos SUVs compactos também serviu para tirar o amplo domínio dos hatches, embolando a corrida pelo carro mais vendido do país.Os carros populares também perderam o diferencial de preço, fazendo com que opções mais atrativas ficassem com preços mais interessantes do que os carros de entrada no Brasil.Fábrica de GravataíEm julho de 2024, a GM anunciou o investimento de R$ 1,2 bilhão apra a unidade de Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. De acordo com a fabricante, os recursos serão destinados para modernização do complexo industrial e desenvolvimento de um novo modelo de veículo, que será lançado em 2026."Aqui em Gravataí, esse R$ 1,2 bilhão nos permitirá fortalecer e modernizar a nossa capacidade fabril neste complexo industrial. E muito importante: vamos lançar um novo modelo que vai nos permitir concorrer em segmentos que hoje não cobrimos, tanto no mercado doméstico brasileiro quanto no mercado de exportações", afirmou, em julho de 2024, o presidente da GM América do Sul, Santiago Chamorro.Inaugurado em 20 de julho de 2000, este é o quarto investimento que a Chevrolet faz na unidade do Rio Grande do Sul.GM de Gravataí, no Rio Grande do SulDivulgação/General MotorsAo todo, serão R$ 7 bilhões investidos nas cinco fábricas no Brasil. Meses antes, a empresa havia realizado um programa de demissão voluntária para mais de 1 mil funcionários no estado paulista. Os R$ 5,5 bilhões em investimentos no Brasil, anunciados pela montadora em setembro do ano passado, foram encaminhados para São Paulo. Na época, a montadora destacou que o investimento tem foco em mobilidade sustentável, abrange a renovação completa do portfólio de veículos e o desenvolvimento de tecnologias para o mercado local, além da criação de novos negócios.O anúncio de que um híbrido flex em São Paulo marca o primeiro projeto de produção de um veículos eletrificado em solo nacional. As montadoras que atuam no país começaram a se mexer conforme cresceu a entrada feroz de competidoras chinesas no país, como BYD e GWM."Temos competição com os chineses em todos os mercados e acreditamos que temos no Brasil a tecnologia para atrair os atuais e novos clientes. Nossa confiança que temos por aqui está na história, no portfólio com tantas opções e que atende ao público", comentou Roy Harvey, vice-presidente executivo e presidente GM Mercados Globais.A fábrica de São Caetano do Sul (SP) é a mais antiga do grupo no país: inaugurada em 1930, ela completa 95 anos em breve. Hoje, a planta abriga a produção da picape Montana, do SUV compacto Tracker e da minivan Spin.Em São José dos Campos (SP) ficam a produção da picape S10 e a SUV grande Trailblazer. Há também uma planta em Mogi das Cruzes, focada em componentes.Fora do estado, ficam a planta de Joinville (SC), onde será desenvolvido o motor híbrido flex como fruto de investimento de R$ 300 milhões (parte do aporte de R$ 7 bi anunciado em janeiro), e a de Gravataí (RS). Em julho, a GM já anunciou que destinará R$ 1,2 bilhão do pacote de investimentos para a fábrica gaúcha. De lá, saem o hatch Onix e sedã Onix Plus. Com o novo dinheiro, a montadora confirmou a produção de um carro inédito, com lançamento previsto para 2026.