O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, antecipou seu retorno a Brasília nesta segunda-feira (10) para discutir a possível taxação de 25% sobre o aço e o alumínio brasileiros prometida pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Alckmin, que teve agenda mais cedo em Valinhos (no interior de São Paulo) marcou uma reunião com sua equipe no MDIC para as 18h, preparando uma resposta ao anúncio de Trump, previsto para 19h30 no horário de Brasília.
A decisão do vice-presidente reforça a postura cautelosa do governo brasileiro, que já vinha sendo defendida pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Assim como Haddad, Alckmin defendeu o diálogo e a espera por medidas concretas antes de qualquer resposta oficial.
Diálogo e equilíbrio comercial
Durante um evento no interior de São Paulo, antes de retornar a Brasília, Alckmin ressaltou que a relação comercial entre Brasil e Estados Unidos é "equilibrada" e que é necessário aguardar o desdobramento da possível taxação.
"É uma relação equilibrada, é um ganha-ganha. Eles até têm um pequeno superávit sobre o Brasil. Vamos aguardar ainda essa questão da taxação. Da outra vez que isso foi feito, teve cotas, então vamos aguardar. A nossa disposição é sempre a de colaboração, parceria em benefício das nossas populações", disse Alckmin.
O vice-presidente lembrou que, durante o primeiro mandato de Trump, tarifas foram anunciadas, mas o Brasil conseguiu negociar cotas para evitar o impacto da medida.
Impacto para o Brasil
O Brasil é um dos principais exportadores de aço e alumínio para os Estados Unidos. Em 2024, o país foi o segundo maior fornecedor de aço para os EUA, atrás apenas do Canadá, de acordo com o Departamento de Comércio norte-americano. A possível imposição de tarifas pode afetar significativamente o setor.
A equipe econômica do governo acredita que qualquer resposta à taxação precisa ser coordenada com outros órgãos, como o Ministério das Relações Exteriores (MRE). A ideia é ter uma estratégia pronta caso o anúncio de Trump se concretize.
Reciprocidade e retaliações
Questionado sobre possíveis medidas de reciprocidade e retaliação tarifária, Alckmin manteve a linha diplomática e defendeu o diálogo antes de qualquer decisão mais drástica.
"Olha, vamos aguardar, porque nós acreditamos muito no diálogo. Isso já aconteceu antes, mas houve cotas, foram estabelecidas cotas. A parceria Brasil-Estados Unidos é equilibrada, é um ganha-ganha, nós exportamos para eles, eles exportam para nós", afirmou.
O governo brasileiro busca evitar conflitos comerciais prematuros e explorar alternativas para minimizar os impactos negativos nas exportações nacionais.
Próximos passos
A reunião marcada por Alckmin servirá para alinhar o posicionamento do Brasil diante da possível taxação e garantir que o país esteja preparado para um eventual anúncio de Trump. O governo ainda não prevê uma resposta imediata, mas trabalha para ter um plano estruturado em caso de necessidade.
A expectativa é que qualquer decisão oficial ocorra em conjunto com outros ministérios e considerando os interesses estratégicos do Brasil na relação bilateral com os Estados Unidos.
Fonte: g1