A falta de médico no Hospital Municipal de Itanhém na passagem do Ano Novo e no primeiro dia de 2023 revoltou moradores da cidade. Na manhã deste domingo (1), Edileusa Santos Lima, que mora na Rua Honório Silva, no bairro Leopoldina Botelho, foi levada à unidade de saúde por familiares com fortes dores e com sintomas de pressão alta, mas teve que voltar pra casa sem ser medicada porque lá apenas uma técnica de enfermagem e uma enfermeira faziam a recepção dos pacientes.
Edileusa tem um mioma uterino - tumores benignos no útero que podem se desenvolver durante a idade fértil da mulher - e precisa urgentemente fazer uma cirurgia porque a doença lhe causa fortes dores e sérias hemorragias.
“Essa dor quando vem é muito forte”, disse Edileusa. “Entrei e deitei na cama da emergência e a enfermeira me falou que não tinha médico, aí chamou a enfermeira chefe, que veio toda sem graça e disse que não ‘tem’ médico nem ontem e nem hoje”, explicou, horas depois de já está em casa em repouso, mas ainda com dores e chorando, após ter tomado um remédio que sua vizinha ofereceu.
Edileusa explicou ainda que, no momento que aguardava atendimento, presenciou a chegada de uma criança com dores de ouvido.
“Tudo purgando e mandaram essa criança voltar, familiares disseram que a criancinha não dormiu de noite chorando”, detalhou. Purgação é uma secreção no ouvido, que normalmente surge devido a uma infecção.
Ainda nesta semana Edileusa disse que vai passar por um médico especialista, numa consulta particular, quando terá que desembolsar R$ 300. Embora já tenha sido acompanhada pela secretaria da Saúde, quando a pasta era chefiada pelo médico Roberto Matoba, ela lamenta a falta de cuidado do município com as pessoas que precisam do poder público para fazer tratamento. Na ocasião Edileusa fez ultrassom e passou por ginecologista na Policlínica, em Teixeira de Freitas,
“Tenho medo de me automedicar porque posso dar uma hemorragia; e sem médico aqui, se eu der uma hemorragia, como já dei, eu morro”, previne-se.
Ela adverte:
“A virada de ano não é desculpa, a nossa vida é mais importante, se for de morrer a gente morre, é muito triste o que está acontecendo, como a gente vai aguentar uma forte dor até o outro dia?”, pergunta Edileusa. “Não pode esse hospital ficar desse jeito e eles nem ligaram pra lugar nenhum, mandaram em vim pra casa”, finalizou.
A reportagem tentou contato com o secretário da Saúde, Joabe Pires, questionando por quais motivos faltou médico no Hospital Municipal de Itanhém, mas até o fechamento da matéria ele não havia retornado. Quando retornar o portal vai inserir as explicações dele.
Água Preta News