Dólar abre com volatilidade, com mercado ainda de olho em tarifaço de Trump

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Foto de Medeirosneto.com Por Medeirosneto.com
06/03/2025 às 09:44:34

No dia anterior, a moeda norte-americana recuou 2,71%, cotada a R$ 5,7559. Já o principal índice da bolsa de valores avançou 0,20%, aos 123.047 pontos. Notas de dólar.

Murad Sezer/ Reuters

O dólar abriu com volatilidade nesta quinta-feira (6), oscilando entre leves altas e baixas, com o mercado ainda repercutindo os novos capítulos do "tarifaço" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Veja abaixo o resumo dos mercados.

Em meio a decretos de Trump elevando tarifas, veja principais itens do comércio entre Brasil e EUA e as tarifas cobradas

Entenda o que faz o preço do dólar subir ou cair

Dólar

Às 09h02, o dólar subia 0,10%, cotado a R$ 5,7617. Veja mais cotações.

No dia anterior, a moeda americana teve baixa de 2,71%, cotada a R$ 5,7559.

Com o resultado, acumulou:

queda de 2,71% na semana e no mês;

perdas de 6,86% no ano.

a

Ibovespa

O Ibovespa subiu 0,20%, aos 123.047 pontos.

Na véspera, o índice teve alta de 0,20%, aos 123.047 pontos.

Com o resultado, o Ibovespa acumulou:

ganhos de 0,20% na semana e no mês;

ganhos de 2,30% no ano.

O que está mexendo com os mercados?

Depois de um dia de quedas generalizadas nas bolsas internacionais por conta dos temores de guerra comercial de Trump, o mercado passou a operar com maior otimismo diante do tom mais ameno do governo norte-americano.

Além das declarações do secretário do Comércio dos EUA, Howard Lutnick, de que Trump poderia anunciar alívio nas tarifas, a Casa Branca informou a suspensão de taxas sobre importações de automóveis do Canadá e do México por um período de um mês.

Segundo a secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, Trump conversou com os presidentes de três grandes montadoras — a Ford, a General Motors (GM) e a Stellantis —, avisando-os que deveriam mover a produção do Canadá e do México para os EUA.

"Falamos com as três grandes concessionárias de automóveis. [...] Vamos dar uma isenção de um mês para qualquer automóvel que venha pelo USMCA", afirmou Trump em comunicado, referindo-se ao acordo de livre comércio da América do Norte, negociado em seu primeiro mandato.

Mais cedo, Howard Lutnick disse que tarifas recíprocas mais amplas ainda viriam em 2 de abril, mas de forma escalonada, com algumas sendo cobradas imediatamente e outras levando semanas ou meses antes de serem impostas.

A perspectiva de que os EUA podem ser mais flexíveis com a política tarifária agrada o mercado porque diminui a cautela com a possível pressão inflacionária decorrente das medidas.

Taxas maiores aos produtos que chegam aos EUA tendem a elevar os preços dos insumos e produtos no país, encarecendo a produção de diversas cadeias produtivas e os preços para o consumidor final — movimento que pode pressionar a inflação americana.

Uma inflação maior nos EUA pode levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a elevar suas taxas de juros.

Isso aumentaria, também, a rentabilidade dos títulos públicos do país, considerados os mais seguros do mundo, o que leva investidores a retirarem seu dinheiro de ativos de risco e migrarem para esses títulos, influenciando o preço do dólar e, consequentemente, a inflação em todo o mundo.

O 'tarifaço' de Trump

Nesta terça, entraram em vigor as tarifas de 25% que Trump impôs sobre todas as importações que chegam do México e do Canadá aos EUA, além de tarifas adicionais de 10% sobre tudo que vem da China.

As taxas sobre México e Canadá foram adiadas por 30 dias, mas o presidente norte-americano afirmou que o início da tarifação é consequência da contínua entrada de drogas provenientes dos países taxados nos EUA.

"Não podemos permitir que esse flagelo (a entrada de drogas) continue prejudicando os EUA. Portanto, até que ele pare ou seja seriamente limitado, as tarifas propostas programadas para entrar em vigor no dia 4 de março entrarão, de fato, em vigor, conforme programado", disse Trump. "Da mesma forma, será cobrada da China uma tarifa adicional de 10% nessa data".

Além das taxas sobre os três países, Trump também já anunciou uma série de outras medidas e semelhantes, como:

tarifas de 25% para todas as importações de aço e alumínio que chegam aos EUA, a partir de 12 de março;

a cobrança de tarifas recíprocas a países que cobram taxas de importação de produtos americanos, a partir de 2 de abril;

a promessa mais recente, feita nesta segunda-feira (3), de impor tarifas de importação a todos os produtos agrícolas que chegam ao país também a partir de 2 de abril.

A alternativa para que não haja a cobrança das taxas, segundo Trump, é que "as empresas se mudem para os EUA"

Como resposta ao tarifaço, que começa afetando China, México e Canadá, estes três países foram os primeiros a anunciar novas taxas contra os EUA.

O Canadá foi o mais rápido a reagir e anunciou uma medida de retaliação ainda nesta segunda-feira. Em comunicado, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que o país iria impor tarifas de 25% sobre US$ 107 bilhões em produtos dos EUA. Segundo Trudeau, parte das medidas entraria em vigor já nesta terça-feira (4), enquanto o restante passaria a valer em um prazo de 21 dias.

"Nossas tarifas permanecerão em vigor até que a ação comercial dos EUA seja retirada e, caso as tarifas dos EUA não cessem, estamos em discussões ativas e contínuas com províncias e territórios para buscar diversas medidas não tarifárias", acrescentou o primeiro-ministro canadense.

Depois, foi a vez da China. Pequim não apenas impôs novas taxas de 10% a 15% sobre as exportações agrícolas dos EUA, como também anunciou novas restrições de exportação e investimento a 25 empresas dos EUA, afirmando "motivos de segurança nacional".

Segundo o governo chinês, produtos como frango, trigo, milho e algodão dos EUA terão uma taxa adicional de 15%, enquanto soja, sorgo, carne suína, carne bovina, produtos aquáticos, frutas, vegetais e laticínios sofrerão uma tarifa extra de 10%. As medidas passam a valer em 10 de março.

Nesse caso, a expectativa é que as novas taxas impostas pela China afetem cerca de US$ 21 bilhões em exportações de produtos agrícolas e alimentícios norte-americanos, deixando as duas maiores economias do mundo um passo mais perto de uma guerra comercial total.

O país já tinha anunciado tarifas de 15% para carvão e gás natural liquefeito (GNL) e taxas de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis dos EUA em fevereiro, também em retaliação às medidas de Trump.

"Tentar exercer pressão extrema sobre a China é um erro de cálculo e um engano", afirmou um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores de Pequim em uma entrevista coletiva, acrescentando que a China nunca sucumbiu à intimidação ou à coerção.

A China ainda afirmou que vai investigar alguns produtores norte-americanos de um tipo de fibra óptica por burlarem medidas antidumping, além de ter suspendido as licenças de importação de três exportadores norte-americanos e interrompido embarques de madeira serrada vindos dos EUA.

Pequim também adicionou 15 empresas norte-americanas à sua lista de controle de exportação, que proíbe empresas chinesas de fornecer tecnologias de uso duplo a empresas dos EUA, e colocou 10 empresas norte-americanas em sua Lista de Entidades Não Confiáveis ??por venderem armas para Taiwan. A China reivindica o país como seu próprio território, embora a ilha autônoma rejeite isso.

Por fim, veio o México. Nesta terça-feira, a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum condenou as tarifas impostas pelos EUA e prometeu uma retaliação aos norte-americanos.

Segundo a chefe de Estado mexicana, não há justificativa para que os EUA imponham as taxas de 25% sobre as importações do México, destacando que o país colaborou com o vizinho norte-americano em questões de migração, segurança e combate ao tráfico de drogas.

"Não há razão, fundamento ou justificativa para apoiar esta decisão que afetará nosso povo e nossas nações. Ninguém ganha com esta decisão", disse Sheinbaum em entrevista a jornalistas, afirmando que daria detalhes sobre a resposta do México às tarifas no próximo domingo (9).

*Com informações da agência de notícias Reuters Fonte: g1
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