Segundo a Polícia Federal, ainda não há prazo para conclusão da investigação, diante da complexidade do caso. Até esta quinta-feira (6), nenhum escombro ou item artístico religioso foi retirado do local. Igreja do Ouro segue fechada após 1 mês do desabamento
A Igreja de São Francisco, mais conhecida como "igreja de ouro", em Salvador, segue interditada um mês após o desabamento que terminou com a morte da turista Giulia Panchoni Righetto, de 26 anos.
Segundo a Polícia Federal, ainda não há um prazo para a conclusão da investigação, diante da complexidade do caso. Até esta quinta-feira (6), nenhum escombro ou item artístico religioso foi retirado do local.
De acordo com o frei Lorrane Clementino, vigário do Convento São Francisco, por se tratar de um patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), o material só pode ser transportado para outro local por uma empresa especializada e com autorização do órgão.
"É um teto muito rico, de valor inestimável, que só pode ser retirado por uma empresa autorizada pelo Iphan, e que seja especializada pela retirada, catalogação e acomodação em um espaço adequado", disse o vigário do Convento, que também afirmou não existir um prazo para que o processo seja feito.
Frei Lorrane explicou que por causa da interdição, as missas que eram realizadas na "igreja de ouro" foram reduzidas e transferidas para a Ordem Terceira, que fica ao lado do templo religioso.
"As missas estão acontecendo na igreja que fica ao lado, sempre aos domingos, 8h. A gente reduziu o número de missas para que as pessoas que já acompanham a nossa igreja possam vir".
Projeto de restauração
No dia 13 de fevereiro, o Iphan, que administra a obra sob supervisão do Ministério da Cultura, afirmou que a "igreja de ouro" passará por uma preparação antes de ser reformada. A ação envolve a elaboração do projeto de restauração, que ainda não tem data para ficar pronto.
Com o custo de R$ 1,2 milhão, o documento já tinha sido contratado quando aconteceu o desabamento.
"A igreja vai precisar de escoramento, estabilização e limpeza emergencial, para que depois a gente possa contratar uma obra completa, recuperando não só a estrutura do forro, do telhado, mas também as obras de arte, os bens móveis que estão integrados ali, e aí ela poder ser completamente restaurada", afirmou o presidente do Iphan, Leandro Grass.
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Teto da Igreja de São Francisco desabou em Salvador e matou a turista Giulia Panchoni Righetto, de Ribeirão Preto (SP)
Defesa Civil de Salvador/Redes Sociais
O valor dos reparos também não foi contabilizado ainda, mas, conforme detalhou Grass, o serviço não será barato. Em entrevista ao g1, o presidente do Iphan ressaltou a importância de apoios financeiros e convocou interessados.
Segundo o representante do órgão federal, esse montante será apontado pelo laudo técnico, já que ele detalha todas as etapas da reforma e quanto cada uma vai custar. Quanto ao prejuízo com o desabamento, para ele, não pode ser apontado em dinheiro.
Parte de teto de igreja de ouro desabou
Reprodução
O Iphan revelou que a igreja recebeu a última vistoria técnica em maio de 2024. Na ocasião, não foram identificados indícios de problemas estruturais que pudessem provocar o desabamento da forração do teto do templo, como aconteceu no dia 5 de fevereiro.
A Polícia Federal (PF) assumiu a investigação integral do desabamento. Antes, a PF dividia as funções com a Polícia Civil da Bahia, que, neste período, ficou responsável por ouvir testemunhas do desabamento.
No entanto, por se tratar de um imóvel tomado pelo Iphan, o trabalho foi concentrado no órgão federal. Com isso, os depoimentos colhidos pela PC foram entregues para a PF, que passou a tocar o caso. O processo de realização da perícia ainda está em andamento.
Sete igrejas interditadas em Salvador
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Salvador
Arquivo pessoal
Além da Igreja de São Francisco, ao menos outras seis igrejas católicas estão interditadas em Salvador. Elas foram fechadas após serem encontradas irregularidades em vistorias conjuntas do Iphan e Defesa Civil da cidade.
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As ações foram intensificadas após o acidente na "igreja de ouro". Foram fechadas:
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem;
Igreja de Nossa Senhora do Monte Serrat;
Igreja dos Perdões;
Igreja de Nossa Senhora da Ajuda;
Igreja da Ordem Terceira do Carmo;
Igreja de São Miguel.
Segundo o Iphan, as visitas aconteceram de forma preventiva e contaram com apoio de uma força-tarefa com 15 servidores de outros estados. Os dias exatos das visitas nesses locais não foram detalhados.
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Ao todo, a Bahia tem 184 bens tombados pelo órgão, sendo que 51 são igrejas. Delas, 30 estão na capital baiana. Pelo menos 12 já foram vistoriadas e oito precisam de reformas, conforme levantamento da TV Bahia.
Segundo Grass, ainda não há um balanço de todos os problemas encontrados nas igrejas vistoriadas, porém é possível detalhar o que normalmente é encontrado nesses lugares.
Para que as igrejas possam reabrir, é preciso que todas as falhas apontadas na vistoria sejam corrigidas. Tarefa que, segundo o Iphan, é de responsabilidade dos proprietários. Porém, eles podem receber ajuda de custo.
Por fim, Grass ressaltou que, apesar de participar das vistorias, as recomendações de fechamento dos templos e autorização de reabertura são feitas pela Defesa Civil de Salvador (Codesal).
Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem, em Salvador
Arquivo pessoal
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Fonte: G1 - Bahia